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terça-feira, 7 de junho de 2016

identidade praia



 
O mar, no projecto da cidade, foi abordado ontem no seminário “O Turismo na Região Centro – Património natural: Olhares sobre os recursos e potencialidades”, promovido pelo curso Técnico de Turismo da Escola Profissional da Figueira. Designado “Figueira da Foz, do cabaret ao deserto”, o tema (tese de mestrado de um jovem arquitecto figueirense), centrou-se na evolução da cidade na frente marítima e no «tentar perceber, como em poucas décadas, se afastou da grande identidade de ligação ao mar».

Recorrendo a imagens e filmes da década de 40, Manuel Traveira explicou como a Figueira «primeiro conquistou o mar e o turismo» e depois «perdeu o mar», aludindo à década de 60, altura em que se optou por uma «estratégia alicerçada no porto comercial». Todavia, defendeu, «a cidade industrial não conseguiu vingar totalmente e condicionou o desenvolvimento turístico», com o molhe Norte «a aniquilar a praia e deixar a enormidade deserta do areal, vazio, uma chaga constante». E «com o prolongamento do molhe, o problema agudizou-se e desviou o canal da barra», disse.

Parafraseando Luís Cajão, o jovem arquitecto diz que a cidade «entra na vulgaridade da pevide e do tremoço» e os figueirenses «com uma saudade que não fere, mas dói». No entanto, realçou, a situação era previsível como “descobriu”, num relatório do LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil), de 1958, que mostra que «as consequências de hoje já estavam identificadas e apontava a solução de transposição das areias de Norte para Sul, de forma artificial (by passe)».

Manuel Traveira sustentou que a praia «cresceu em planta e altimetria, a areia vem pelo mar e pelo ar e chega a formar uma praia dentro da barra. É insustentável para o porto e a dragagem pontual não resolve o problema de fundo», frisou, aludindo ainda ao «risco» das casas da outra margem e do próprio Hospital. O jovem arquitecto defende também que «construir em cima do erro, não resolve o problema de fundo, porque a praia vai crescer cada vez mais», criando arribas e inviabilizando a vertente turística. Aludindo ao Movimento Cívico “SOS Cabedelo” que integra, diz que «há outra visão de cidade», para que esta não perca «a identidade praia».

No encontro foram ainda intervenientes Pedro Machado, que falou nas grandes apostas da Turismo Centro – o turismo cultural, o de natureza e mar e promoção turística – João Rocha que focou o património geológico do monumento natural do Cabo Mondego e Jorge Santos sobre como os percursos pedestres podem ser uma ferramenta para o turismo sustentável.

Diário de Coimbra, 3 de Junho de 2016.
Bela Coutinho

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